setembro 06, 2005

" A Velhice do Padre Eterno"

  • Em Fuga por uma feira de "velharias", dei com esta obra de Guerra Junqueiro, uma Edição da Europa América,(data?) com ilustrações de Leal da Câmara.

    Prefácio à 2ª Edição (excerto)

    “Nunca discuti, nem jamais discutirei com quem quer que seja, valor literário duma obra minha. Um livro atirado ao púbico equivale a um filho atirado à roda. Entrego-o ao destino, abandono-o à sorte. Que seja feliz é o que eu lhe desejo, mas se não o for, também não verterei uma lágrima”
    O Génesis
    “Jeová por alcunha antiga – o Padre Eterno
    Deus muitíssimo padre e muito pouco eterno,
    Teve uma ideia suja, uma ideia infeliz!
    Pôs-se a esgravatar coo dedo no nariz,
    Tirou desse nariz o que um nariz encerra,
    Deitou isso depois cá abaixo, e fez-se a Terra.
    Em seguida tirou da cabeça o chapéu,
    Pô-lo em cima da Terra, e zás, formou o céu.
    Mas o chapéu azul do Padre Omnipotente
    Era um velho penante, um penante indecente,
    Já muito carcomido e muito esburacado.
    Depois o Criador (honra lhe seja feita!)
    Achou a sua obra uma obra imperfeita,
    Mundo sarrafaçal, globo de fancaria,
    Que nem um aprendiz de Deus assinaria,
    E furioso escarrou no mundo sublunar,
    E a saliva ao cair na Terra, fez o mar.”
    (e continuaaaaa)
Nas suas notas final Guerra Junqueiro afirma:"
Em seguida à Morte de D.João, comecei a escrever um novo poema -A Morte do Padre Eterno, cujo plano completo, até aos mínimos detalhes, estava de há muito elaborado no meu espírito. Mas em torno desta ideia principal, germinou um grande número de ideias e acessórios, donde nasceu um livro novo. A Velhice do Padre Eterno, colecção de 50 poemas, que são 50 balas, que partindo de diversas direcções, vão todas bater no mesmo alvo".

Todo o livro pode ser lido on-line em
http://bnd.bn.pt/, editado em 1885, pela Livraria Minerva – Porto
(não aconselhável a Vagabundos de mentes opacas)

27 comentários:

Anónimo disse...

Vagabundeando tenho eu andado até agora, adivinha só, a ler algumas páginas desta obra, bem, talvez tenha mente opaca mas mesmo assim arrisquei e tem ali muita coisa que até parece que foi pensado por esta mente conturbada que é a minha :)
Um beijinho e sabes que mais ?
- Os vagabundos é que são felizes!!!

Anónimo disse...

Volto para te dizer que acho a obra interessante, merece uma leitura bem mais atenciosa do que esta que lhe tenho prestado hoje já com um bocadito de sono, ainda me restam muitas paginas mas parece-me ser um ataque claro à biblia que considera como um codigo penal e expressa a sua rebeldia contra o que esta estipulado, carregado de duvidas considera-se ateu mas reconhece que é ncessária a fé à vida essa fé que cada um constroi, foi o que li nas primeiras paginas assim de à "socapa".

Cristina disse...

Olá,
Obrigada pela tua visita, vim retribuir, deixar um beijinhu, volto com mais calma para ler o teu blog
:)
beijinhu

wind disse...

Vim agradecer a visita e gostei do que vi no teu blog:)

Vagabundo disse...

Gaivota análise que se tira é mesmo essa,não sei se a Edição que estás a ler tem o Prefácio á 2ª Edição - Fragmento Inédito, aí ele afirma: "Eu sou um espiritualista cristão e sentimental e, por isso, fora do movimento científico e revolucionário do meu tempo"

Era apenas um escritor.

Luisa Hingá disse...

Vou mandar esse link para um primo, que é da familia de Guerra Junqueiro.
Lu

Carla disse...

Vagabundo,
Passei só para te deixar um beijo.

mar revolto disse...

Olá,
De blog em blog cheguei aqui e gostei do que li.
Beijo

Português desiludido disse...

Mentes opacas!!
Boa Carlos!
1 Abr
Pedro

armando s. sousa disse...

Agora que leio este texto, vejo que não conheço nada de Guerra Junqueiro. Para mim é grave, tenho que remediar essa situação imediatamente.
Obrigado pelo post.
Um abraço.

Anónimo disse...

Muito bem, a tecnologia mais perto de nós.

susana disse...

mais um pastoreio por terras vagabundas...

muito bom post, é bom relembrar personalidades portuguesas

Sputnik disse...

Como estarei ausente nos próximos dias passei por aqui pra desejar ao nosso querido vagabundo um bom fim de semana:)

Prometo que quando tiver mais tempo irei ler o livro pois parece-me interessante

Anónimo disse...

A valia de Guerra Junqueiro como poeta é discutível,mas não se pode negar que "A velhice do Padre Eterno"é um poderoso libelo contra a igreja católica em Portugal e contra os desmandos do clero.
Parabéns por mais este post.
BJ.grande
Daisy

Leonor disse...

que bom teres voltado ao meu sitio.
e que bom teres colocado algo sobre um dos nossos melhores escritores.

abraço da leonor

Nina disse...

Beijo da nina "transparente" ;)

Isabel Filipe disse...

Gostei de ler este Post, que achei fantástico....

bfds

bjs

murmurio do silencio disse...

É sempre um prazer vir aqui!

um abraço!

Anónimo disse...

Experiência (se for bem sucedida, é um melão)!!!

Anónimo disse...

Acaba mesmo de ser um melão. Já tentei aceder várias vezes aos comentários e, depois de escrever a "password" o comentário ia ao ar. Já estava a ficar perdida por aí...e antes que voltasse a perder o meu rico comentário resolvi experimentar 1º...e acabei por perder a sobremesa. Quanto ao prefácio de GJ, realmente é com grande amor e muito sacrificio que se escreve um livro mas a decisão do público é soberana. No entanto, mesmo condenado o 1º ou o 2º livro, nunca se deve desistir pq as grandes obras aparecem assim.

mar revolto disse...

Passei para te deixar um beijo e te desejar bom fim de semana

Português desiludido disse...

Bom fim de semana desde Estremoz, Vagabundo.
Pedro

Nina disse...

beijinho e Bom FDS :)

Menina Marota disse...

Adoro fugas em feiras de "velharias"... tenho encontrado verdadeiras pérolas por lá...

Grata pela partilha deste texto, de um dos melhores escritores e de um grande lutador político, aliado a um caricaturista, capaz de se expressar desta maneira...

"...Ao pálido esplendor do ocaso na arribana,
di-lo-íeis, sentado à porta da choupana,
ermitão misterioso, extático vidente,
olhos no mar, a olhar sonambolicamente...
«Águas sem fim! Ondas sem fim! Que mundos novos
de estranhas plantas e animais, de estranhos povos,
ilhas verdes além... para além dessa bruma,
diademadas de aurora, embaladas de espuma!..."

(Excerto do Poema Portugal)


Um abraço e bom domingo ;)

CLÁUDIA disse...

Por onde andarás a vagabundear agora, que já não apareces há uma semana? ;)))

Beijinho ***

Maria disse...

Adoro este poema. A minha mãe costumava recitar-me os seis primeiros versos, com uma enorme satisfação. E isto já lá vão uns 30 anos.
Obrigada pela visita.
Bjs.

mar revolto disse...

Passei para te desejar um bom fim de semana
Beijo